sexta-feira, 21 de abril de 2017

Deus existe e criou o Universo?

“Os homens acreditam que a epilepsia é divina, meramente porque não a podem entender. Mas se chamasse divino a tudo o que não podem entender, haveria uma infinidade de coisas divinas.”  (Hipócrates)

Eu apenas sei que em nome de Deus e pela mão de sua igreja, muitas atrocidades foram cometidas. Quanto à sua existência e seu propósito, são assuntos cujas evidencias no fundo do meu ser suscitam infinitas questões, duvidas e controvérsias.

O propósito de Deus:

Como relatado e transmitido ao longo dos tempos, o propósito de Deus foi criar o Universo, evento que terá ocorrido à cerca de dez mil anos. Esta crença logo à partida coloca a igreja numa situação controversa, e com um dilema bastante embaraçoso para explicar. Como existem então astros, a uma distancia de cinco biliões de anos luz de distancia? Logicamente que estes tiveram a sua formação muitos milhões de anos antes do nosso sistema solar existir. Então a teoria que Deus criou o universo não faz sentido, pois todo o universo e tudo o que nele existe, teoricamente teria de ter exatamente a mesma idade.(1)

Face às evidencias cientificas consequentes do avanço tecnológico, a própria igreja católica hoje aceita o estudo da evolução do universo após o big bang mas não sobre o mesmo, pois presume que este é que será a obra de Deus(2). Esta tem sido  a atitude típica da religião católica ao longo dos séculos, atribuir a Deus todos os fenómenos inexplicáveis. Atualmente a  microbiologia, a meteorologia e a astronomia explicam agora o que apenas uns séculos atrás era causa suficiente para queimar a uma pessoa na fogueira.

Em nome de Deus:

Que Deus é este que fica impávido e sereno perante as aberrantes atrocidades que seus representantes cometeram? Padres e bispos mandavam queimar pessoas cultas, mentes brilhantes apenas por afirmarem que a terra era curva e não plana, que o nosso planeta não era o centro do universo e que os planetas giram em torno do sol, hoje qualquer criança tem a plena certeza destes fatos.

Que direito têm seus representantes chamados de missionários de invadir outros povos convertendo-os à sua vontade usurpando suas culturas e identidades? Que direito tiveram seus representantes de de decidir que a raça negra não era humana e fizeram deles escravos durante séculos?

A existência de Deus:

Se Deus realmente existe e criou toda a imensidão deste Universo assim como toda a vida que ele contém, porque escolheu nosso planeta para nele se deixar martirizar, crucificar morrer? Nesta vastidão imensa, cujo tamanho ainda está por determinar, onde flutuam quatriliões de outros mundos, que tem o nosso de tão especial assim para merecer tamanha cortesia e sacrifício?

“...de onde, então, pôde surgir o solitário e estranho conceito de que o Todo-Poderoso, que tinha milhões de mundos igualmente dependentes de sua proteção, deveria parar de cuidar de todo o resto e vir morrer em nosso mundo porque, como dizem, um homem e uma mulher comeram uma maçã? E, por outro lado, devemos acreditar que todos os mundos na criação infinita tiveram uma Eva, uma maçã, uma serpente e um redentor?...”(3)

Referencias:

“...somando as “gerações” do Gênesis, por exemplo, obteremos uma idade para a Terra: cerca de 6 mil anos. O Universo teria exatamente a mesma idade da Terra. Essa é a verdade de judeus, cristãos e fundamentalistas muçulmanos, verdade claramente refletida no calendário judeu. Um Universo tão jovem propõe uma pergunta embaraçosa: como podem existir objetos astronómicos a mais de 6 mil anos-luz de distância? A luz leva um ano para atravessar um ano-luz, 10 mil para cruzar 10 mil anos-luz, e assim por diante. Quando olhamos para o centro da galáxia da Via Láctea, a luz que vemos partiu de sua fonte há 30 mil anos. A mais próxima galáxia espiral semelhante à nossa, a M31, na constelação de Andrômeda, está a 2 milhões de anos-luz; nós a vemos, portanto, como era quando sua luz partiu na longa viagem para a Terra – há 2 milhões de anos. E quando observamos quasares distantes, a 5 bilhões de anos-luz, nós os vemos como eram há 5 bilhões de anos, antes de a Terra ser formada. (É quase certo que eles são muito diferentes hoje em dia.) Se, apesar de tudo isso, aceitássemos a verdade literal dos livros sagrados, como conciliar os fatos? A meu ver, a única conclusão plausível é que Deus criou recentemente todos os fótons de luz que chegam à Terra num formato coerente a ponto de induzir gerações de astrónomos ao erro de acreditar na existência de fenómenos como galáxias e quasares, levando-os à conclusão espúria de que o Universo é vasto e antigo. Essa é uma teologia tão malévola que custo a acreditar que alguém possa considerá-la com seriedade...”

Durante os anos 70 dediquei-me particularmente ao estudo dos buracos negros, mas em 1981 o meu interesse pelas questões da origem e destino do Universo reacendeu-se quando assisti a uma conferência organizada pelos jesuítas no Vaticano. A Igreja Católica tinha cometido um grave erro com Galileu, quando tentou impor a lei numa questão científica, declarando que o Sol girava à volta da Terra. Agora, séculos volvidos, decidira convidar alguns especialistas para a aconselharem sobre cosmologia. No fim da conferência, os participantes foram recebidos em audiência pelo papa que nos disse que estava certo estudar a evolução do Universo desde o big bang, mas que não devíamos inquirir acerca do big bang em si, porque esse tinha sido o momento da Criação e,
portanto, trabalho de Deus.

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